Economia: Para BC, desaceleração mundial terá pouco efeito sobre o Brasil ; e:Dólar barato aumenta déficit na conta turismo
04/09/2008 - 09h50 Para BC, desaceleração mundial terá pouco efeito sobre o Brasil LEANDRA PERESda Folha de S.Paulo O Banco Central calcula que a desaceleração na economia mundial prevista por organismos multilaterais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) terá efeitos mínimos sobre a economia brasileira. Em julho, o FMI reestimou o crescimento mundial para 4,1%, quase 1 ponto percentual abaixo dos 5% registrados em 2007. Se esse cenário se confirmar, o efeito sobre o PIB brasileiro será de apenas 0,1 ponto. Ou seja, o país cresceria 4,9% em 2008, em vez dos 5% projetados pelo governo. No câmbio, o impacto estimado pelo BC é de 0,12 ponto percentual. Dessa forma, a taxa hoje estimada pelo mercado em R$ 1,62 para o final do ano seria mais próxima de R$ 1,63. A outra variável calculada pelo BC foram as exportações, onde a crise internacional custaria apenas 0,08% de redução no ritmo de alta das vendas. Essas estimativas foram apresentadas pelo diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, na reunião do G20, grupo de países emergentes, na semana passada no Rio de Janeiro. "O impacto da crise internacional no Brasil é menor por duas razões boas. A primeira é que a desaceleração mundial não parece ser muito acentuada. A outra é que os países emergentes estão em situação muito melhor de solvência externa do que nos anos 90", afirma o economista do banco WestLB, Roberto Padovani. O baixo grau de abertura da economia é outro motivo apontado por Mesquita para o reduzido impacto da crise no Brasil. A desaceleração mundial indica demanda externa menor por produtos brasileiros. Mas, como o país exporta e importa pouco em relação ao tamanho de sua economia, essa procura menor por bens brasileiros não deve ter impacto relevante. Os dados do BC permitem concluir que o Brasil está mais protegido da crise internacional. Mas mostram também que o país não poderá contar com a ajuda externa para reduzir o ritmo de crescimento interno. Ou seja, uma desaceleração mundial não garante que o Brasil crescerá menos e, portanto, que o BC poderá parar de subir os juros para conter a economia. Desde abril, o juro subiu de 11,25% ao ano para 13%. Na apresentação ao G20, Mesquita reforçou o diagnóstico de que a demanda interna vem crescendo em ritmo muito maior do que a capacidade que os fornecedores nacionais têm de produzir. Esse descompasso é considerado pelos diretores do banco como a principal razão para o aumento da inflação. Mesquita apresentou gráficos em que procurou mostrar que a subida dos preços não é resultado somente do aumento dos preços de alimentos ou da alta do petróleo. O diagnóstico do BC não é consenso no governo. A equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) atribui o repique da inflação aos choques de commodities. Daí a disputa sobre a necessidade ou não de nova alta dos juros. HTTP://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/FOLHA/DINHEIRO/ULT91U441269.SHTML------------------------------------------------OPINIÃODólar barato aumenta déficit na conta turismo 4/9/2008 O Banco Central (BC) informou que o fluxo cambial fechou o mês de agosto positivo em US$ 1,944 bilhão. Com esse resultado, foi revertida a tendência de saldos negativos registrada em junho (-US$ 877 milhões) e julho (-US$ 2,494 bilhões). Em agosto de 2007, o fluxo havia sido positivo em US$ 6,841 bilhões. Até agosto, o fluxo cambial registra entrada líquida de US$ 14,385 bilhões, fruto da contribuição positiva de US$ 36,281 bilhões da conta comercial e saída líquida de US$ 21,896 bilhões da conta financeira. Em igual período de 2007, o fluxo estava positivo em US$ 70,056 bilhões. Pois uma passagem ida-e-volta para os roteiros tradicionais da América do Sul, do Norte ou da Europa está entre US$ 600,00 e US$ 1,2 mil, um pouco mais, um pouco menos. Mesmo multiplicando por dois, temos entre R$ 1.200,00 e R$ 2.400,00. No cartão de crédito se consegue parcelamento em seis vezes sem juros, ou em dez com taxas baixas. Então, pagar R$ 240,00 e sair do Brasil tornou-se acessível a milhares dos nossos. Está certo que falta incluir hotel com meia-pensão e o clássico city tour. Aí entram os pacotes oferecidos pelas agências de turismo. Geralmente não valem para a alta estação, no mês de julho e do Natal até fevereiro. Porém com cerca de R$ 3 mil por pessoa é possível fazer uma viagem de até 12 dias na América do Sul, no Velho Mundo ou para Miami/Los Angeles/Nova Iorque. Prova disso é que, em julho, férias escolares, o País teve o pior resultado mensal na conta de turismo da história. Segundo o BC, os brasileiros gastaram US$ 1,306 bilhão em viagens ao exterior naquele mês. A quantia é a mais elevada desde o início da série, em 1947.Simultaneamente, os turistas estrangeiros deixaram US$ 468 milhões no País, valor também recorde para os meses de julho. Como o gasto dos brasileiros foi muito maior que a receita com turistas do exterior, a chamada conta turismo teve déficit de US$ 838 milhões em julho. De janeiro a julho, o gasto dos brasileiros em viagens somou US$ 6,840 bilhões e a receita obtida com turistas estrangeiros ficou em US$ 3,367 bilhões. Dessa forma, o déficit da conta de turismo no período é de US$ 3,474 bilhões, também o pior resultado da série. Nos 12 meses acumulados em julho, o déficit soma US$ 5,257 bilhões. Por outro lado, a balança comercial brasileira tem aumentado as exportações e importações em quantidade e valores, mesmo com um superávit menor em 2008, até agosto. Apesar do oba-oba do óleo na camada pré-sal, a Petrobras importou mais de US$ 800 milhões em óleo cru e derrubou o superávit, transformando-o em déficit. Se chegarmos ao final do ano com saldo positivo de US$ 25 bilhões, será uma façanha. Isso é preocupante, mesmo se levarmos em conta que uma viagem ao exterior serve de cultura, de aprendizado, de comparações e permite à pessoa, ao voltar, ter uma nova, crítica e, geralmente, boa visão do próprio Brasil. São várias as frentes em que o governo deve atuar, mas sem restringir a vontade imensa que todos nós temos de conhecer outros modos de vida. A conta turismo deve ser equilibrada porque o turismo é a segunda maior indústria do mundo, perdendo apenas para a de armamentos. Temos tantas e tão diversificadas atrações que podemos e devemos atrair mais visitantes, ao mesmo tempo em que os brasileiros tomam conhecimento da vida em outros países, ainda que a globalização e as comunicações tenham padronizado muitas nações. Afinal, sanduíche arredondado de carne, batatas fritas e refrigerante encontram-se em qualquer capital do mundo. E com o mesmo nome, geralmente.HTTP://JCRS.UOL.COM.BR/NOTICIAS.ASPX?PCODIGOAREA=32