Bolívia diz que explosões foram provocadas com incêndio intencional.De acordo com informações oficiais, o Brasil poderá sentir a redução no envio de gás entre as próximas 36 e 48 horas. As explosões provocaram redução maior a que foi anunciada ...

11 Set 2008

11/09/2008 - 08h51 Marcia Carmo De Buenos Aires para a BBC Brasil A primeira explosão num gasoduto que abastece o mercado brasileiro foi provocada, nesta quarta-feira, por um incêndio intencional, segundo comunicado do Ministério boliviano de Hidrocarbonetos. Primeiro, informou-se, uma válvula foi fechada, depois destruída uma chave de segurança, que provocou forte escape de gás e levou "alguém" a colocar fogo na área inflamável. "O fato criminoso ocorreu às 5h00 da manhã deste 10 de setembro na região de Palmar Grande, Yatebute, (no departamento de Tarija), onde um grupo de vândalos fechou a válvula SDV-3 de GASYRG (Gasoduto Yacuíba-Rio Grande), destruindo a chave de segurança e provocando a forte saída de gás. Depois, uma faísca provocada intencionalmente causou o incêndio de grandes proporções", afirma-se. A forte pressão de gás nesta válvula fechada, informa-se, provocou uma segunda explosão, no mesmo gasoduto, às 15h00, nas proximidades da região de Yaguacua, em Sanandita, distante cerca de 25 quilômetros do primeiro episódio. "Um grande estrondo provocou alarme generalizado nas populações locais e os moradores fugiram de suas casas", diz o texto. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério, no fim da noite de quarta-feira, o incêndio continuava. No comunicado, não se descartou que novos incêndios e explosões poderiam ocorrer nas próximas horas. "Este tipo de atentado poderia ter resultado num acidente fatal tanto para os intrusos quanto para os moradores da região", advertiu a empresa transportadora Transierra, num balanço da situação à Superintendência de Hidrocarbonetos. A empresa é a responsável pela administração deste gasoduto. O ministro de Hidrocarbonetos, Saúl Avalos, condenou as ações, dizendo: "Este é um atentado contra o processo de nacionalização de hidrocarbonetos". O governo responsabilizou os "prefeitos (governadores) e "cívicos" (como são chamados seus apoiadores) pela explosão no gasoduto. O Estado de Tarija é um dos cinco onde estão ocorrendo protestos contra o governo de Evo Morales por causa, entre outros motivos, do corte no repasse de verbas do setor petroleiro para os governos estaduais e contra a nova Constituição do país. Há semanas que grupos ligados à oposição vêm realizando uma série de protestos e entrando em choque com a polícia nos Departamentos de Santa Cruz, Chuquisaca, Beni, Pando e Tarija. O maior protesto até agora foi na cidade de Santa Cruz, onde grupos antigoverno ocuparam escritórios do governo, uma estação de TV e uma companhia telefônica, ambas estatais. Redução De acordo com informações oficiais, o Brasil poderá sentir a redução no envio de gás entre as próximas 36 e 48 horas. As explosões provocaram redução maior a que foi anunciada inicialmente, podendo ser acima do 10% do total enviado ao mercado brasileiro, com a baixa de mais de quatro milhões de metros cúbicos diários - e não de três milhões. A Bolívia envia diariamente cerca de 31 milhões de metros cúbicos de gás ao Brasil, e as indústrias de São Paulo são as principais consumidoras do produto. Segurança O governo Morales está preocupado, segundo assessores, com a segurança dos dutos que levam gás para o Brasil e para a Argentina. A extensão destes dutos os tornaria "vulneráveis" às ações dos manifestantes, já que seria difícil para as forças do governo garantir a segurança nos cerca de oitocentos quilômetros que vão dos campos de Tarija até a fronteira com o Brasil e os outros pelo menos 500 quilômetros que partem desde (departamento) de Santa Cruz. O gasoduto, segundo fontes da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, que reúne as empresas do setor, foi planejado para ter "quase todo tipo de segurança", mas não se imaginou que ele pudesse ser afetado da forma que foi agora. Parte destes dutos são debaixo da terra, mas outros quilômetros são visíveis, de acordo com autoridades bolivianas e representantes da oposição que conhecem o sistema de perto. No discurso que realizou no Palácio Queimado, para anunciar o pedido de saída do embaixador dos Estados Unidos no país, Morales disse ainda: "É obrigação do governo nacional e do povo boliviano defender a unidade nacional". Nas últimas horas, movimentos sociais, que apóiam a gestão de Morales, anunciaram o "cerco" ao departamento de Santa Cruz, epicentro da oposição ao governo central. O protesto é uma reação contra as manifestações dos opositores de Morales iniciadas há duas semanas. A oposição, reunida nos chamados "comitês cívicos", anunciou a "ocupação" de praticamente todos os organismos do governo de Morales na chamada "meia lua" - departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando. Estima-se que mais de 50 pessoas - civis e militares - saíram feridos na terça e quarta-feiras. A oposição reclama contra redução no repasse de verbas do setor petroleiro para suas regiões. http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/09/11/ult4909u5512.jhtm

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11/9/2008

Lula quer antecipar reunião com Morales devido à crise

Os violentos protestos de grupos oposicionistas na Bolívia, com sabotagem das instalações de gás fornecido ao Brasil, fizeram o governo brasileiro cogitar antecipar o encontro entre os presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o boliviano Evo Morales, previsto para o fim deste mês, em Manaus. Mas, municiado por informações da Petrobras de que a empresa está preparada para minimizar os efeitos da redução do fornecimento de gás boliviano, Lula e assessores querem evitar que manifestações de preocupação por parte do governo brasileiro estimulem ações mais violentas dos grupos da oposição.

A reportagem é de Sergio Leo e publicada pelo jornal Valor, 11-09-2008.

O encontro entre Lula e Morales, se confirmado, servirá para que o brasileiro reitere o apoio ao governo vizinho, como no recente referendo que confirmou o boliviano no cargo com quase dois terços dos votos. Mas serviria também para que Lula repetisse o que emissários seus vêm dizendo à equipe de Morales: a única solução para o impasse político do país é uma negociação com concessões reais, de lado a lado. Há enorme preocupação no governo brasileiro em não enfraquecer Morales, pois considera-se que os oposicionistas vêm tentando usar o Brasil como instrumento para pressionar o governo.

À noite, manifestando essa avaliação, o Itamaraty divulgou nota em que diz acompanhar "com grande preocupação a evolução dos acontecimentos na Bolívia" e lamentar "o recrudescimento da violência e dos atos de desacato às instituições e à ordem legal". Na nota, o governo brasileiro diz solidarizar-se "com o governo constitucional da Bolívia" e pede "que cessem imediatamente as ações dos grupos que lançam mão da violência e da intimidação".

Num recado para o governo Morales, a nota pede a "todos os atores políticos" no país "que exerçam comedimento, respeitem a institucionalidade democrática e retomem os canais do diálogo e da concertação, na busca de uma solução negociada e sustentável".

Ontem, no início da noite, o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, conversou sobre a crise, por telefone, com o vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, pouco depois de receber, no Palácio do Planalto, para uma reunião de mais de uma hora, o ministro de Finanças boliviano, Luiz Alberto Arce, e o embaixador da Bolívia no Brasil, Márcio Dorfler. À saída, nenhuma dos dois quis comentar o que classificaram de um "assunto interno" da Bolívia. Após esses contatos, Marco Aurélio relatou as conversas ao presidente Lula, que estava em Manaus.

Chegou ao Itamaraty e ao Planalto a informação de que a Petrobras mantém dutos de reserva para reparos em território boliviano e vem aumentando a compressão do gás bombeado pelo gasoduto ao Brasil. A compressão garante um maior acúmulo do combustível nos dutos e permitiria à empresa manter, por pelo menos dois dias, o fornecimento normal de 30 milhões de metros cúbicos diários.

O governo brasileiro, ao mesmo tempo em que condena os manifestantes e a radicalização da oposição, tenta convencer Morales a fazer concessões - algo pouco usual na prática política local, que vê nisso sinal de fraqueza.

A crise compromete um dos mais importantes eventos empresariais da Bolívia, a Expocruz, feira de negócios da principal região exportadora - e reduto da oposição. O diretor-executivo da seção brasileira do Centro de Empresários da América Latina (Ceal), Alberto Pfeifer, que chegou ontem a Santa Cruz, relata que, apesar dos protestos, o clima na cidade é tranqüilo. "Os feridos são, na maioria, por causa de correrias ou coisa parecida. Há um esforço para evitar confrontos físicos", disse ele.

Embora não condenem os protestos, os empresários de Santa Cruz consideram "contraproducentes" as ameaças ao fornecimento de gás. Acreditam, porém, que, se a repressão continuar branda por parte do governo, as ações mais radicais tendem a acabar.

http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=16630

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Economia | 10/09/2008 | 21h50min

 

Plano para evitar desabastecimento de gás prevê parada de usinas térmicas

Segundo ministro de Minas e Energia, haverá "alguma dificuldade para o Brasil" var teste = "F"; if (teste == "F"){ }else if (teste == ""){ }else{ var data_criacao = "10/09/2008"; var data = "11/09/2008"; var hora = "09h47min"; if (data_criacao == data){ document.write("

Atualizada às 09h47min

"); }else{ document.write("

Atualizada em 11/09/2008 às 09h47min

"); } }

O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, descartou nesta quarta-feira o risco de desabastecimento de gás em função do atentado a um gasoduto na Bolívia que culminou no corte de 10% no fornecimento de gás natural para o Brasil. De acordo com o ministro, o governo tem um plano de contingência e está tomando as medidas necessárias para evitar uma possível falta de gás. Edison Lobão disse que o plano, que será colocado em prática em seu tempo, consiste na suspensão do funcionamento das térmicas operadas pela Petrobras; no aproveitamento do gás das térmicas da Eletrobrás e de outras empresas privadas, que paulatinamente poderão funcionar a diesel; e em última hipótese aproveitar o gás que a Petrobras usa para injetar nos poços para produção de petróleo. As medidas, segundo Lobão, visam garantir o volume diário de cerca de 31,74 milhões de metros cúbicos de gás boliviano. O ministro de Minas e Energia disse que está em contato permanente com o governo boliviano e não quis se manifestar sobre a crise política no país vizinho. Segundo Lobão, "o fato é que haverá grande prejuízo para a Bolívia e obviamente alguma dificuldade para o Brasil".

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Economia&newsID=a2174213.xml