União Européia condena os atos de violência que se multiplicam atualmente na Bolívia, em particular nos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Pando e Beni... E: Protestos geram crise diplomática.

12 Set 2008
Estava tudo pronto. A Força Aérea Brasileira já havia inclusive preparado o avião que levaria a La Paz o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia; e o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.Reforçada por negociadores colombianos e argentinos, a dupla brasileira tentaria mediar uma negociação que pacificasse a crise que rói as relações do governo de Evo Morales com seus opositores. Durante o dia, em diálogo telefônico com Lula, Evo aceitara, de bom grado, o envio da missão do chamado Grupo de Amigos da Bolívia, integrado por Brasil, Colômbia e Venezuela. Súbito, veio a contra-ordem.O presidente boliviano mandou dizer –de modo polido, mas enfático— que não vê necessidade de uma mediação estrangeira. E a viagem dos “amigos” teve de ser abortada na última hora. A notícia acerca da meia-volta de Evo chegou, primeiro, ao Itamaraty. Depois, aportou no Planalto. Ao ser informado, Lula reagiu com uma ponta de irritação. Em diálogo com um auxiliar, disse que o colega boliviano brinca com fogo.A recusa do presidente boliviano foi interpretada em Brasília como indicativo de que o discurso pacificador de Evo é apenas retórico. Passou-se a avaliar que, escorado nos 67% de votos que ratificaram seu mandato em plebiscito, Evo aposta na força pessoal em detrimento da composição com os opositores.Nesta sexta (12), o Planalto e o Itamaraty planejam retomar o contato com La Paz. Têm, ainda, esperanças de convencer Evo Morales da conveniência de uma arbitragem externa.http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/---------------------------------------------------------12/09/2008 - 10h00 da Folha Online A presidência francesa da União Européia (UE) condenou nesta sexta-feira os atos de violência na Bolívia que já provocaram a morte de ao menos oito pessoas e pediu um diálogo entre as partes para evitar que a situação se deteriore ainda mais. A União Européia condena os atos de violência que se multiplicam atualmente na Bolívia, em particular nos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Pando e Beni, afirmou a presidência francesa em um comunicado divulgado em Bruxelas (Bélgica). "A União Européia renova seu pedido às partes envolvidas para que comecem o mais rápido possível um diálogo construtivo para evitar que a situação se deteriore ainda mais e conduza à perda de vidas humanas", acrescenta o texto. O comunicado ainda expressa a "disponibilidade" da União Européia para "co-ajudar no processo de diálogo ao lado de todos que desejem contribuir". Os choques entre grupos civis opositores e partidários do presidente Evo Morales deixaram ao menos oito mortos e afetaram o envio de gás ao Brasil e Argentina. Cerca de 30 pessoas também ficaram feridas. Cinco dos nove departamentos (Estados) da Bolívia iniciaram nesta segunda-feira (8) a terceira semana de protestos contra Morales. Estradas foram bloqueadas, escritórios estatais tomados e as fronteiras com Brasil, Argentina e Paraguai foram fechadas. Entenda os protestos contra Morales na Bolívia. Crise diplomática Ao crescente clima de tensão interna, Morales somou um forte atrito diplomático com os Estados Unidos. Ele expulsou o embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, sob a acusação de conspirar e promover a divisão na Bolívia. Os EUA responderam afirmando que a decisão de Morales representou um "grave erro". O porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, disse que o ato "danificou seriamente a relação bilateral". Um dia depois, o governo americano decidiu expulsar o embaixador da Bolívia em Washington. ´Em resposta à atitude inesperada e, de acordo, com a Convenção de Viena, informamos oficialmente o governo da Bolívia de nossa decisão de declarar o embaixador Gustavo Guzman "personna non grata", anunciou ontem o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack. Em solidariedade à Bolívia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou ontem a expulsão do embaixador americano em Caracas, Patrick Duddy. "A partir deste momento, o embaixador ianque em Caracas tem 72 horas para sair da Venezuela, em solidariedade à Bolívia", afirmou ontem presidente venezuelano, em um comício para as eleições regionais de novembro, realizado em Puerto Cabello, 120 km a oeste de Caracas. Com France Presse http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u444188.shtml