Bancos centrais tentam acalmar mercados com injeção de capital.Bancos centrais injetaram um grande volume de recursos nos mercados financeiros globais pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, para tentar conter os efeitos de Wall Street

16 Set 2008

16/09/2008 - 08h52 Por Kerstin Gehmlich e Chikako Mogi BERLIM/TÓQUIO (Reuters) - MATÉRIAS/LINKS ASSOCIADOS Infográfico explica a crise financeira nos EUA Bolsas mundiais despencam com temor sobre concordata da AIG Análise: crise bancária nos EUA ameaça até PIB do Brasil Lehman Brothers anuncia que vai pedir concordata Brasil está preparado para crise nos EUA, diz Mantega PricewaterhouseCoopers vai administrar Lehman Brothers Análise: por que bancos gigantes estão nessa crise? http://economia.uol.com.br/ultnot/reuters/2008/09/16/ult29u63276.jhtm De Sydney a Frankfurt, as autoridades monetárias despejaram bilhões de dólares em fundos emergenciais para tentar evitar o fechamento dos mercados de crédito, mas mesmo assim o movimento não conseguiu impedir o aumento do custo dos empréstimos interbancários. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) disponibilizou US$ 50 bilhões para ajudar as instituições financeiras em crise. O Banco Central Europeu (BCE) colocou 70 bilhões de euros (US$ 98,09 bilhões) no mercado nesta terça, seguindo a injeção de 30 bilhões de euros feita na véspera. A demanda dos bancos por fundos nesta terça-feira, o que indica como a liquidez de outras fontes está diminuindo, superou os 100 bilhões de euros. Problemas com bancos vão até o fim do ano pelo menos Opine: o governo americano deveria ajudar os bancos? Bank of America vai comprar Merrill Lynch por US$ 50 bi BCE injeta 30 bi de euros após quebra do Lehman Brothers AIG busca empréstimo de US$ 40 bi do Fed, diz jornal Na Grã-Bretanha, o Banco da Inglaterra injetou 20 bilhões de libras (US$ 35,21 bilhões), depois de ter colocado no mercado 5 bilhões de libras na segunda-feira. Os bancos centrais na Ásia também entraram em ação. No Japão, Austrália e na Índia, os BCs fizeram fortes injeções de recursos. Os bancos da região distribuíram cerca de US$ 17 bilhões, seguindo a injeção de US$ 70 bilhões do Federal Reserve feita na segunda-feira. O Banco do Japão colocou no sistema bancário sua maior injeção de capital em quase seis meses -1,5 trilhão de ienes (US$ 14,2 bilhões). "O Banco do Japão vai monitorar cuidadosamente a situação recente das instituições financeiras dos EUA e seu impacto", afirmou o presidente da instituição, Masaaki Shirakawa, em comunicado. A expectativa é de que o BC japonês mantenha sua meta para a taxa básica de juro em 0,5% na quarta-feira. Em contraste, os mercados estão precificando 88% de chances de uma redução de 25 pontos percentuais na taxa básica de juro dos EUA, para 1,75%. Na Indonésia, o BC reduziu em 200 pontos-básicos, para 10,25%, a taxa de juro cobrada dos bancos que precisam se financiar com a autoridade monetária, para tentar aumentar a liquidez do mercado. A taxa básica de juro foi mantida em 9,25%. O Banco Central da Índia colocou quase US$ 1,32 bilhão através de uma operação de refinanceamento, sua maior injeção em cerca de um mês. Os BCs em Hong Kong, Coréia do Sul, Taiwan e Nova Zelândia ofereceram suporte verbal para os mercados. O mesmo aconteceu em Paris, Berlim e Roma, onde os bancos centrais divulgaram comunicados afirmando que as instituições financeiras em seus países devem sofrer impacto limitado por conta dos eventos nos Estados Unidos. (Reportagem adicional dos correspondentes na Ásia e na Europa) http://economia.uol.com.br/ultnot/reuters/2008/09/16/ult29u63276.jhtm 16/09/2008 - 08h40 --------------------------------------------------------- NOVA YORK, 16 Set 2008 (AFP) - O destino do gigante americano de seguros AIG, que, assim como o banco de investimentos Lehman Brothers, pode se ver obrigado a pedir concordata, estremece nesta terça-feira os principais mercados financeiros do mundo, já abalados na véspera. Em um ano, suas ações recuaram 93%. Com isso, pode se tornar a próxima vítima da crise do crédito. MATÉRIAS/LINKS ASSOCIADOS: Infográfico explica a crise financeira nos EUA Análise: crise bancária nos EUA ameaça até PIB do Brasil Lehman Brothers anuncia que vai pedir concordata Bancos centrais injetam bilhões para acalmar mercados Brasil está preparado para crise nos EUA, diz Mantega Fed anuncia novas medidas para apoiar sistema financeiro PricewaterhouseCoopers vai administrar Lehman Brothers Análise: por que bancos gigantes estão nessa crise? http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/09/16/ult35u61912.jhtm As três principais agências de classificação de risco, Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch, reduziram a nota da AIG. O jornal Wall Street Journal afirmou nesta terça-feira que a AIG se verá obrigada a declarar falência se não conseguir levantar fundos o bastante na quarta-feira. As Bolsas de Valores da Europa abriram novamente em forte queda e, na Ásia, os principais mercados fecharam em baixa, mesmo não tendo operado na véspera. Os bancos centrais, entretanto, tentam acalmar os investidores injetando enormes somas em dinheiro no mercado. Assim, o Banco Central Europeo (BCE) injetou nesta terça-feira 70 bilhões de euros no mercado monetário da zona euro, mais do dobro da soma injetada na véspera. Problemas com bancos vão até o fim do ano pelo menos Opine: o governo americano deveria ajudar os bancos? Bank of America vai comprar Merrill Lynch por US$ 50 bi BCE injeta 30 bi de euros após quebra do Lehman Brothers AIG busca empréstimo de US$ 40 bi do Fed, diz jornal O Banco da Inglaterra anunciou por sua vez que injetará 20 bilhões de libras (25 bilhões de euros, US$ 35,6 bilhões), e o Banco do Japão (BoJ) injetou 2,5 bilhões de ienes (16,7 bilhões de euros). O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) se reúne nesta terça-feira para decidir o nível de sua taxa básica de juros. Apesar de alguns analistas esperarem uma manutenção da taxa em 2%, a quebra do Lehman aumentou as possibilidades de um corte para estimular a economia. Na Europa, as Bolsas operam todas em queda, na esteira dos mercados asiáticos, que fecharam no vermelho nesta terça-feira. A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de terça-feira em forte retrocesso de 4,95%. O índice Nikkei 225 perdeu 605,72 pontos, a 11.609,72, o menor nível desde 8 de julho de 2005. Em todos os mercados, os valores bancários foram os mais afetados. As ações de grandes bancos japoneses, como Mizuho Financial Group, Mitsubishi UFJ Financial Group, Sumitomo Mitsui Financial Group, Aozora Bank e Resona Holdings, alguns deles importantes credores do Lehman Brothers, foram as mais prejudicadas. A filial japonesa do Lehman Brothers também pediu concordata nesta terça-feira, com um passivo de quase US$ 35 bilhões, o que representa o segundo maior procedimento de falência no Japão desde 1945. A Bolsa de Xangai registrou forte queda de 4,47%. Além do Lehman Brothers, o mercado chinês também foi afetado pelo corte dos juros anunciado pelo Banco da China. O índice Xangai Composite, que inclui valores dos tipos A e B, perdeu 93,04 pontos, a 1.986,64 unidades. A Bolsa de Taiwan também registrou grande perda de 4,89%, a 5.756,59 pontos, o menor nível em quase três anos. O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong encerrou a sessão em baixa de 5,4%. As más notícias vão além da quebra do famoso banco americano, fundado há 158 anos e que havia conseguido até sobreviver à crise da Bolsa de 1929. "Existem crescentes pressões sobre as instituições e sobre muitos investidores enquanto as peças do dominó começam a cair", disse Patrick Bennett, analista do banco francês Société Générale. http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/09/16/ult35u61912.jhtm

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16/9/2008

Durante todo o fim de semana, Frankfurt, Paris e a City (distrito financeiro) de Londres ficaram em alerta. A Europa temia uma "segunda-feira negra". Seus temores se confirmaram. Na manhã de ontem o Lehman Brothers anunciava seu "pedido de concordata". A reportagem é de Gilles Lapouge e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 16-09-2008. O choque foi rude. O Lehman é um banco de prestígio, facilmente identificado com o capitalismo americano. Sua queda foi recebida como presságio inquietante. O capitalismo americano está muito enfermo. O que alarmou as bolsas européias, todas em queda ontem, foi que autoridades americanas recusaram-se a intervir para salvar o Lehman. Até agora, tinham optado por socorrer bancos encrencados. Em março, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) concedeu U$ 30 bilhões ao JP Morgan para a compra do Bear Stearns. Há uma semana, o Tesouro anunciou a colocação de Freddie Mac e Fannie Mae sob tutela do governo, a um custo provável de U$ 200 bilhões, o que significou quase uma nacionalização das duas gigantes de financiamento hipotecário. Mas ontem a festa acabou: o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, ofereceu um gélido "não" às novas demandas de salvamento bancário. A Europa constata que apitaram o fim do jogo. Esses sobressaltos levam água ao moinho dos inimigos do mercado e da globalização. Os EUA vivem a crédito. Todos seus atores estão endividados: Estado, empresas, indivíduos. Cada um, consciente do abismo à borda do qual cambaleia, agarra-se no vizinho. Era previsível que o Fed não poderia continuar se fazendo de "encanador" tapando os vazamentos de água. Por quê? Os EUA são de tal forma dependentes dos capitais estrangeiros, em especial asiáticos, para financiar seus déficits públicos, que não poderiam ir mais longe na sustentação dos bancos abalados sem risco de explosão de todo o sistema. É essa globalização financeira que faz os europeus estremecerem. O Banco Central Europeu anunciou oferta de propostas rápida. O Banco da Inglaterra tomará medidas se necessário. Mesma coisa na Alemanha. O planeta financeiro chega ao fim de um ciclo. Peter Kenny, que dirige o fundo de investimento Knight Capital, resume a opinião comum: "uma nova ordem mundial vai surgir." Em seu livro mais recente, o bilionário americano George Soros prevê o terremoto. Ele escreve: "As finanças ficaram à deriva, iludidas pela idéia de que os mercados são naturalmente virtuosos e que é preciso deixá-los agir sem restrições." Não falta atrevimento a George Soros quando critica o mercado, ele que ganhou num único dia de 1992 a quantia de U$ 1 bilhão quando a libra esterlina saiu do sistema monetário europeu. Pode-se ficar chocado com seu novo discurso. Mas como negar que ele parece saber do que está falando? http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=16744