Fed mantém a taxa de juro em 2% nos EUA .O Federal Reserve (Fed, o BC americano) decidiu manter sua taxa de juros em 2% ao ano pela terceira vez consecutiva.O furacão financeiro que vem abalando Wall Street nos últimos dias acabou ganhando peso, e um ...

17 Set 2008
Economia17/9/2008 Apesar de o CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) ter registrado deflação de 0,1% em agosto (após a alta de 0,8% em julho) e da crise financeira em bancos de investimento e seguradoras, o Fed optou pela cautela. O furacão financeiro que vem abalando Wall Street nos últimos dias acabou ganhando peso, e um corte de juros traria para o primeiro plano o chamado risco moral (moral hazard, na expressão em inglês) de salvar instituições que assumiram posições muito arriscadas anteriormente.Assim, a redução da taxa, no atual contexto, poderia ser entendida como um sinal de que a economia está mais afetada pelos problemas financeiros que o estimado. O banco de investimentos Lehman Brothers, uma instituição financeira de 158 anos de existência, pediu proteção sob o capítulo da legislação americana que trata de falências e concordatas. O banco vinha procurando um comprador, mas, sem ajuda do governo, candidatos em potencial desistiram.O Lehman esperava obter ajuda do Departamento do Tesouro - que disponibilizou um pacote de até US$ 200 bilhões para as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac ou do Fed - que ajudou o JP Morgan na compra do Bear Stearns, em março. Não obteve ajuda nessas frentes. Depois da reunião de agosto e antes dos problemas do Lehman ganharem o primeiro plano, a Fannie Mae anunciou um prejuízo de US$ 2,3 bilhões no segundo trimestre deste ano. A Freddie Mac também teve um prejuízo acima do esperado no trimestre, com perdas de US$ 821 milhões. As duas empresas detêm ou garantem cerca de US$ 5,2 trilhões de créditos hipotecários, ou seja, cerca de 50% do fluxo do crédito imobiliário americano.Além dos problemas do Lehman e das hipotecárias, a seguradora AIG (American International Group) vem se tornando cada vez mais uma fonte de preocupação para o mercado financeiro. As principais agências de classificação de risco - Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch - reduziram a classificação da seguradora. Desde o início do ano, a companhia já perdeu 93% de seu valor no mercado financeiro.Ontem a AIG divulgou nota onde informa que continua a perseguir alternativas para elevar a liquidez de curto prazo sem reduzir o capital de suas subsidiárias ou operações na Ásia. A companhia divulgou o comunicado em meio ao nervosismo dos investidores de que poderá ser forçada a pedir concordata se não assegurar cerca de US$ 75 bilhões em financiamento até hoje. Os negócios de seguro de vida, seguros gerais e serviços de aposentadoria da AIG, incluindo suas enormes operações na Ásia, continuam a operar normalmente, permanecem adequadamente capitalizadas e são capazes de honrar suas obrigações com os segurados, segundo a nota da companhia. A AIG não mencionou seu grande negócio com derivativos.De acordo com a nota, a AIG afirma que suas unidades ao redor do mundo "estão bem capitalizadas e preenchem ou excedem as exigências de capital dos reguladores locais" e a companhia está "plenamente comprometida em manter os níveis de capital exigidos em todas as suas subsidiárias". Os ratings de crédito da seguradora foram rebaixados na noite de segunda-feira pelas três maiores agências de análise de risco, que citaram preocupações com relação à habilidade da AIG em levantar capital. Isso provavelmente a forçará a designar mais de US$ 14 bilhões de colaterais para dar suporte as operações com derivativos com contrapartes. Isso deixou a companhia com urgência em obter fontes de financiamento de curto prazo.Unibanco diz que poderia adquirir fatia da sóciaO presidente da Unibanco AIG Seguros, José Rudge, afirmou ontem que, caso a American International Group (AIG) precise se desfazer de seus ativos no País, o caminho natural seria a compra dessa parcela pelo banco brasileiro. "Estamos atentos a essa oportunidade e temos o direito de preferência. Seria um caminho natural", afirmou em teleconferência à imprensa.O banco tem o controle da seguradora, com uma participação de 52%. O restante pertence à AIG, que passa por dificuldades financeiras nos Estados Unidos. Por essa razão, a Unibanco AIG divulgou um comunicado em que explicava "ser uma companhia independente, com reservas aplicadas apenas no mercado brasileiro, de acordo com regras da Superintendência de Seguros Privados (Susep)"."Seja qual for o acontecimento, o Unibanco AIG tem vida independente", disse Rudge, lembrando que da mesma forma que os resultados positivos da AIG nunca tiveram influência na seguradora brasileira, o mesmo ocorre com os resultados negativos. Rudge evitou detalhar os termos do acordo entre Unibanco e AIG, alegando confidencialidade. No entanto, afirmou que o contrato dá preferência ao Unibanco caso a AIG queira se desfazer de sua participação, ou seja, é obrigada a oferecê-la primeiramente para a instituição financeira brasileira. Isso poderia ocorrer caso a seguradora americana precise vender ativos para levantar os recursos necessários nos EUA para se salvar financeiramente ou venha a entrar em concordata.A Unibanco AIG é líder no mercado de grandes riscos no Brasil e está entre as cinco maiores seguradoras do País. Para Rudge, mesmo que a AIG saia da parceria, a companhia tem condições de continuar nesse mercado.Lehman fecha acordo para vender unidades ao BarclaysO Lehman Brothers fechou um acordo para vender partes do banco para o britânico Barclays, informou o site do jornal Financial Times. No fim- de-semana, o Barclays participou das conversas para discutir o futuro do banco de investimentos norte-americano, que segunda-feira anunciou o pedido de concordata por não achar compradores.Segundo o Financial Times, os dois bancos fecharam um acordo na manhã de ontem em Nova Iorque, envolvendo as operações de brokers e dealers do Lehman - as atividades incluem a consultoria para fusões. O site explica ainda que o acordo pode incluir uma "pequena captação de capital" pelo banco britânico. Ainda não se sabe se outras unidades do Lehman seriam incluídas na venda, ou mesmo o preço dos ativos vendidos.Se não forem incluídas no acordo agora, as unidades da Ásia e África podem ser compradas no futuro. O Barclays ainda estaria interessado em algumas divisões do Lehman na Europa, ou pelo menos nos funcionários da unidade.O sistema financeiro mundial foi abalado com a quebra do banco, o quarto maior do setor nos EUA. O governo americano não repetiu a ação de ajudar as empresas financeiras e evitar a quebra, como fez com as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que devem receber uma injeção de até US$ 200 bilhões.Investidores dão trégua e Bovespa termina pregão em alta de 1,68%A Bolpa teve um momento de trégua na crise financeira, invertendo a tendência de abertura e recuperando uma parcela bastante modesta das perdas acumuladas no mês. Termômetro dos negócios da bolsa paulista, o Ibovespa valorizou 1,68% e alcançou os 49.228 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,46 bilhões. A recuperação foi puxada pela valorização das duas ações carros-chefe: Petrobras e Vale. A ação da estatal petrolífera, que sozinha girou R$ 1 bilhão, teve ganho de 5,03%, enquanto a ação da mineradora subiu 3,74%, com movimento de R$ 728 milhões. Outro setor que se destacou foi o da aviação, com as ações da Gol e da TAM registrando altas de 9,33% e 6,07%, respectivamente."Para mim, a seguradora AIG era o problema mais delicado deste momento. Quanto ao banco Lehman, eu sabia que estava "respirando somente por aparelhos há muito tempo. A AIG é a maior seguradora do mundo e as ações caíram significativamente nos últimos dias", comenta Rossano Oltramari, sócio-diretor da XP investimentos. O mercado aguardou com alguma ansiedade o Fed, que não surpreendeu e manteve a taxa básica de juros dos EUA em 2% ao ano. Entre outras notícias, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o Índice de Preços ao Consumidor mostrou deflação de 0,1% em agosto, uma forte desaceleração.Lula minimiza impacto da crise no Brasil e culpa governo BushA balança comercial brasileira, a expansão do mercado interno e as reservas internacionais permitem ao governo "ficar tranqüilo, porém atento", diante da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos, sustentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula avaliou que o impacto de uma eventual recessão americana sobre a economia do Brasil será "muito menor, quase imperceptível", em comparação com os efeitos das crises que assolaram especialmente os países em desenvolvimento nos anos de 1990.Em uma clara responsabilização da Casa Branca pelo cenário atual, ele disparou no Palácio do Planalto e, depois, no Itamaraty, que qualquer pergunta sobre crise deveria ser endereçada ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. "Precisa perguntar ao Bush", disse aos jornalistas ontem.Ao lado do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, no Itamaraty, Lula relatou que nenhum chefe de Estado com quem tem conversado nos últimos dias mostrou-se seguro para esboçar qual será o impacto desta crise financeira mundo afora. "A cada dia há uma surpresa. Isso mostra que o cassino imobiliário era muito maior do que se poderia imaginar", afirmou.Apesar da suposta segurança em relação aos impactos menores da crise internacional, Lula valeu-se novamente de uma metáfora para descrever a cautela que seu governo adotará para evitar danos no Brasil. Conforme descreveu, a atitude de sua equipe será similar a de um médico responsável que faz uma cirurgia e que, obrigatoriamente, tem de acompanhar a recuperação de seu paciente. Um dos atenuantes para a economia brasileira, na sua avaliação, é a baixa exposição das instituições do País ao mercado imobiliário americano."Nós estamos acompanhando a cada dia o que vai acontecer na economia. Graças a Deus, o sistema financeiro brasileiro não estava metido no subprime. Eu penso que os Estados Unidos precisam resolver essa crise", afirmou. "Obviamente que, havendo uma recessão nos EUA muito profunda, ela pode atingir o mundo inteiro. Pode atingir o Brasil, mas menos do que em qualquer outro momento."Para Lula, a expansão do mercado interno será a "grande tábua de salvação da economia brasileira", em um cenário de contaminação da crise americana no resto do mundo, e continuará a ser impulsionada pelo governo. O volume de US$ 205 bilhões acumulados nas reservas internacionais, segundo o presidente, será o principal "colchão" contra os possíveis impactos. Na verdade, as reservas já somam US$ 207,575 bilhões no conceito de liquidez internacional, com alta de US$ 1,814 bilhão ontem, apesar da crise. O aumento aconteceu a despeito da ausência do BC no mercado cambial na quinta-feira. Setor imobiliário brasileiro está quase imuneNão há como evitar que a crise financeira global respingue no mercado imobiliário brasileiro, admitiu o presidente do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis de São Paulo (Secovi), João Crestana. "Quando o americano soluça, o mundo treme." No entanto, mesmo levando em consideração que a turbulência iniciada nos Estados Unidos teve origem na bolha imobiliária, Crestana está seguro de que, no Brasil, as conseqüências serão pequenas para o setor."O mercado imobiliário brasileiro tem uma das melhores salvaguardas. Felizmente, estamos bem. Estamos conscientes e com bastante serenidade." De "salvaguarda" ele chama a política macroeconômica e o marco regulatório do setor que criou, entre outros instrumentos, medidas que garantem que recursos financeiros pagos pelos compradores de imóveis de um empreendimento não sejam destinados para outros fins.Segundo ele, isso dá mais segurança às operações de crédito bancário à produção. "Nós não somos simples copiadores do mundo, somos um país criativo, que cria suas salvaguardas." Para Crestana, o sistema de regulação brasileiro é mais avançado do que o americano.O presidente do Secovi ainda ressalta que há uma diferença gritante entre o sistema de crédito brasileiro e o mercado de alto risco (subprime) americano, que entrou em colapso. É que, no Brasil, o financiamento ocorre via banco e não por companhias hipotecárias. E, aqui, não há um mercado secundário desenvolvido que negocia papéis das dívidas dos mutuários."Nosso mercado secundário ainda está engatinhando. Estamos a anos-luz dos americanos", diz Crestana. Segundo ele, o tamanho desse mercado no País é de apenas R$ 2 milhões. "Não há risco sistêmico para o Brasil." Essa "vantagem" em estar atrasado na formulação de um modelo de mercado secundário obviamente poderá ter custos altos no longo prazo. A modalidade chegou a ser apontada como a futura principal fonte de recursos para o mercado imobiliário nos próximos anos. Nos cálculos do setor, as principais fontes atuais de crédito - o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e caderneta de poupança - tendem a se esgotar em poucos anos, se mantido o crescimento vertiginoso do mercado imobiliário. E, com a crise global, o processo de formatação do modelo, que já estava lento, deve ficar ainda mais vagaroso. "A crise vai tornar alguns processos mais lentos, mas não vai inibir. O mercado secundário no Brasil vai crescer homeopaticamente."O que mantém o otimismo do setor é o mercado interno, que tem muito espaço para crescer. O crédito imobiliário, com taxas de juros menores e prazos mais longos, serviu de alavanca para a retomada da atividade. BCs injetam US$ 250 bilhões para garantir mais liquidezBancos centrais ao redor do globo injetaram ontem ao menos US$ 250 bilhões nos mercados financeiros, enquanto crescia o temor de que a gigante americana de seguros AIG siga o caminho do Lehman Brothers. De Nova Iorque a Tóquio, os BCs saíram em socorro a um mercado carente de liquidez e de instituições financeiras ameaçadas.No olho do furacão, o Federal Reserve (BC americano) injetou US$ 70 bilhões no mercado em dois leilões, um volume mais de três vezes superior ao que havia anunciado, de US$ 20 bilhões. De acordo com o Fed, que disse considerar novas intervenções, a demanda atingiu US$ 68,2 bilhões.Diante da preocupação crescente com o riscos do crédito, os principais BCs do mundo seguiram a mesma receita, injetando bilhões em recursos para estabilizar o sistema financeiro. O BC japonês ofereceu US$ 24 bilhões; o da Austrália, US$ 1,5 bilhão; e o da Rússia onde o pregão de Moscou chegou a ser suspenso em meio às maiores quedas dos últimos dez anos, um volume recorde de US$ 18 bilhões.Pelo segundo dia consecutivo, o sistema financeiro europeu recebeu uma bilionária injeção de liquidez. Apenas a intervenção do BCE chegou a US$ 99,4 bilhões, mais que o dobro do dia anterior (US$ 42 bilhões). Mais uma vez a demanda superou a oferta, atingindo US$ 144,53 bilhões, por 56 instituições. O BC britânico ofereceu US$ 35,6 bilhões, numa operação que teve demanda de US$ 103,44 bilhões.As intervenções não foram suficientes para conter a instabilidade nas bolsas, que tiveram um dia nervoso, principalmente para as ações de bancos e seguradoras. Londres fechou com queda de 3,43%; Milão, de 2,52%; Paris, de 1,96%; e Frankfurt, de 1,63%.Foi mais uma jornada de fortes perdas para os bancos europeus: em Londres, as ações do HBOS caíram 22% e as do Royal Bank of Scotland, 10%. Os papéis do Barclays, que estão comprando parte das operações do Lehman nos EUA, fecharam com queda de 4,7%.O suíço UBS, um dos bancos mais atingidos neste ano pela crise do subprime nos EUA, com perdas acumuladas de mais de US$ 40 bilhões, divulgou um comunicado afirmando que o custo de sua exposição ao Lehman será menor que US$ 300 milhões. O anúncio amenizou um pouco a queda das ações do banco na bolsa de Zurique, que ainda assim recuaram 17% - um pouco mais que os 15% do dia anterior."Está claro que a atual crise dos mercados financeiros é a pior em escala mundial em anos. E ainda não terminou", disse o ministro das Finanças da Alemanha, Peer Steinbrueck, ao Parlamento de seu país. Steinbrueck lembrou que os riscos vão além do setor financeiro: se os bancos deixarem de fazer empréstimos a empresas e indivíduos, o golpe na economia real poderá ser extremamente doloroso. Há quem defenda que a crise deve ficar restrita aos mercados de investimentos, mesmo se os bancos de varejo sofrerem os efeitos da relutância geral em fazer empréstimos.Novatos enfrentam primeiras crises na bolsa O mercado de ações brasileiro comemorou sucessivos recordes nos últimos anos, com dezenas de aberturas de capital (IPOs) no ano passado e elevações recordes no Ibovespa. Com isso, é cada vez maior o número de investidores pessoa física comprando ações na BM&FBovespa. Os 224,5 mil investidores atuando no mercado brasileiro em janeiro de 2007 saltaram para 529 mil no mês passado.Agora, com mais um capítulo da crise que se iniciou ano passado com as hipotecas nos Estados Unidos, o Ibovespa está assustando os menos acostumados à gangorra financeira. Muitos se perguntam se o período de boas notícias acabou e está na hora de saltar fora. Para os especialistas, vale a máxima de investir na baixa para vender - e ganhar - na alta.Os fundos e clubes de investimento são a principal porta de entrada para o mundo do arriscado mercado de ações e os gestores dos principais fundos relatam que tem crescido a insegurança entre os aplicadores. "Começamos a sentir uma perda de convicção de que a aplicação era promissora, o que é ruim para o mercado", diz o sócio da XP Investimentos, Rossano Oltramari. No Banco Geração Futuro de Investimentos, o sócio Wagner Salaverry aponta que há um número maior de telefonemas em busca de informações. "Não estão tão confiantes, mas também não são tão pessimistas", compara.Salaverry revela que o principal fundo do Geração Futuro, o Programado FIA, continua com captações líquidas superiores aos saques, mas em um ritmo menos expressivo do que se via há um ano. "Os clientes sabem que a volatilidade faz parte do mercado", resume o executivo. Oltramari complementa que, em geral, os investidores pessoa física compram ações ou entram em um fundo com perspectivas de longo prazo e por isso não tendem a vender suas ações ou cotas ao primeiro sinal de quedas. Um segmento que tem registrado uma menor redução, porém, é o de usuários do homebroker, onde o próprio investidor realiza suas operações em tempo real, conectado ao pregão. Na comparação entre julho e agosto, o número de usuários caiu 23% e o valor das negociações diminui 21,8%. "Na queda, o homebroker tem uma liberdade maior e pode tomar decisões sobre em quais companhias investir que o participante de um fundo não tem como fazer, já que isso compete ao gestor", explica o sócio da XP. A dica dos analistas é seguir investindo, principalmente em função dos bons fundamentos da economia brasileira. Esta tem sido a estratégia adotada pelo estudante de administração Thiago da Rocha Machado, de 21 anos. Investidor de fundos e papéis há três anos, o jovem diz não sentir angústia ao ver o patrimônio diminuir com a queda do valor das empresas. "Vejo como uma excelente oportunidade para aproveitar as cotas mais baixas e fazer novos aportes", destaca Machado. Maior participação de brasileiros não impede quedasAs perdas registradas nos últimos pregões da BM&FBovespa foram provocadas, principalmente, pela saída rápida e significativa dos investidores estrangeiros. Temerosos de que a crise iniciada no ano passado nos Estados Unidos e que já atinge as economias européias chegue aos mercados emergentes, eles trocam suas ações nas empresas brasileiras por alternativas consideradas mais seguras. Além disso, a queda da cotação das commodities, principalmente o petróleo, compromete o desempenho das maiores companhias listadas na bolsa e isso acaba derrubando o valor dos papéis. No entanto, uma maior presença de capital nacional nas operações do mercado não evitaria os resultados negativos."A saída do investidor estrangeiro foi muito rápida, a pressão de venda era forte. Por mais que existam aplicadores pessoa física, não seria possível segurar", avalia o sócio da XP Investimentos, Rossano Oltramari. No mês de agosto, o balanço da negociação dos investidores estrangeiros na BM&FBovespa está negativo em R$ 2,2 bilhões. Em geral, 35% dos negócios são realizados por operadores de outros países, enquanto que os institucionais respondem por 28% e as pessoas físicas por 25%. "Nosso investidor não foi capaz de colocar recursos para fazer frente às saídas. Ainda não se criaram condições para isso", avalia o sócio do Banco Geração Futuro, Wagner Salaverry. Para os analistas, a proporção de estrangeiros atuando no mercado brasileiro é importante para que a bolsa tenha um fluxo intenso. "O investidor estrangeiro sai e volta. Isso é saudável, traz poupança. Além disso, precisamos nos relacionar com o mundo", afirma o sócio do Geração Futuro. (LB) http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoArea=33