Governo e oposição selam pré-acordo na Bolívia; diálogos continuam amanhã .O governo do presidente boliviano, Evo Morales, e os cinco governadores de oposição iniciam amanhã (18), em Cochabamba, a negociação de um acordo de paz e conciliação nacional.
17/09/2008 - 09h07 da Folha Online Na noite de ontem (16), ambos os lados anunciaram um pré-acordo, a despeito da prisão de um dos governadores opositores, Leopoldo Fernández. Nas últimas semanas, violentos atos anti-Morales têm sido freqüentes nos departamentos de oposição: Santa Cruz, Beni, Chuquisaca, Tarija e Pando. O episódio mais violento da onda de protestos ocorreu na localidade de El Porvenir, em Pando. Um confronto entre anti-Morales e camponeses pró-Morales deixou ao menos 15 mortos e mais de cem pessoas desaparecidas. Arte/Folha Online O pré-acordo prevê, entre outros pontos, a devolução para os departamentos de oposição do imposto sobre o gás que, desde janeiro passado, o governo federal destina ao pagamento de um benefício para idosos; as autonomias administrativas de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija; a desocupação de prédios públicos ocupados por manifestantes nesses departamentos; e a investigação da autoria da chacina de Pando. Depois da assinatura do pré-acordo, o governador de Tarija, Mario Cossío, representante do Conalde (Conselho Nacional Democrático, que reúne os cinco governadores), disse crer que o documento servirá para "dar paz e tranqüilidade à nossa gente". Os diálogos que começam amanhã contarão com a mediação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), da Igreja Católica, da União Européia e da ONU. Durante as negociações, conforme estabelece o pré-acordo, o governo federal deverá deixar de lado a realização do referendo para a nova Constituição que está marcado para janeiro próximo. Os opositores afirmam que a nova Carta Magna é excessivamente estadista e indigenista. Reuters O governador de Pando, Leopoldo Fernández, preso na terça Chacina Ontem, o governador de Pando, Fernández, foi preso na capital regional de Cobija acusado de ter incentivado a chacina ocorrida em El Porvenir. Ele nega. Para o governo federal, o episódio foi uma emboscada contra os camponeses, que iam para uma reunião de organizações pró-Morales. Reportagem publicada pela Folha revelou, com base em relatos de sobreviventes e imagens às quais a reportagem teve acesso, que houve participação de funcionários do governo regional de Pando na ação. Devido à chacina, Pando permanece sob estado de sítio desde sexta-feira (12). Desde então, os militares já prenderam ao menos dez suspeitos de envolvimento no crime. http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u445758.shtml