Bancos centrais dos EUA, Europa e Japão anunciam ação conjunta contra crise. As instituições são: oBOJ, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o Banco Central Europeu (BCE), o Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra e o Banco Nacional Suíço.
Mercado | 18/09/2008 | 07h26min Atualizada às 07h49min Os seis principais bancos centrais do mundo anunciaram nesta quinta-feira uma medida coordenada para enfrentar a falta de liquidez nos mercados financeiros globais, segundo um comunicado do Banco do Japão (BOJ). O BOJ informou que a medida inclui ainda uma operação de troca entre o Banco do Japão e o Fed de US$ 60 bilhões (R$ 111,96 bi). Esta troca tem como objetivo proporcionar fundos em dólares aos participantes do mercado no Japão caso seja necessário, em razão das atuais medidas do mercado, segundo o BOJ. A finalidade deste plano coordenado é combater as elevadas pressões nos mercados de provisão de dólares a curto prazo e melhorar as condições de liquidez nos mercados financeiros globais. Os bancos centrais continuarão trabalhando conjuntamente e adotarão medidas adequadas para enfrentar as atuais pressões", diz o BOJ em comunicado. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou uma injeção de US$ 180 bilhões nos mercados para enfrentar a crise financeira, cerca de R$ 335,88 bilhões. A instituição informou ainda que autorizou um aumento na linha de crédito recíproco (swap lines) com estes bancos. Por sua vez, o Banco Central Europeu (BCE) informou que aumentará a liquidez no continente com uma injeção de US$ 40 bilhões (R$ 74,64 bilhões). Dos US$ 40 bilhões anunciados, US$ 25 bilhões serão concedidos a operações com vencimento em 28 dias, enquanto os US$ 15 bilhões restantes serão destinados às de 84 dias. Esta é a terceira injeção de liquidez do BCE esta semana, embora seja a primeira em dólares na atual crise financeira. Na segunda-feira, o BCE injetou 30 bilhões de euros (US$ 21,428 bilhões), após o anúncio do pedido de concordata do banco de investimento americano Lehman Brothers. Um dia depois, o banco emissor europeu anunciou uma nova injeção de 70 bilhões de euros (US$ 50 bilhões) a juros mínimos de 4,25%. O Banco da Inglaterra anunciou uma injeção de US$ 40 bilhões nos mercados. Os bancos centrais continuarão trabalhando juntos e com muita proximidade, e tomarão os passos necessários para combater as contínuas pressões, o banco emissor inglês em comunicado. EFE As razões da crise mundial - Bancos americanos como o Lehman Brothers entraram em dificuldades porque investiram no setor de hipotecas. Desde fevereiro de 2007, analistas de Nova York já advertiam para o aumento da inadimplência no mercado subprime de hipotecas, que embutem um risco maior de inadimplência. - É que, ao se aproveitar do momento de juros baixos, o mercado imobiliário norte-americano vinha vivenciando um boom. Formou-se uma bola de neve: crescia a procura por novas hipotecas para usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e gastar mais. - Na segunda-feira, a crise agravou-se em decorrência do pedido de concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos EUA, com dívidas de US$ 613 bilhões e ativos de US$ 639 bilhões. - O mercado sabia das dificuldades do Lehman Brothers, mas esperava-se uma ajuda do governo americano, que já havia garantido em agosto o resgate das agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac. Mas as tentativas fracassaram e o banco quebrou, elevando a desconfiança e o nervosismo no mercado global fazendo com que as bolsas mundiais despencassem. A Bovespa apresentou a maior queda desde os ataques de 11 de setembro — de 7,59%. - Na segunda-feira, a venda do Merrill Lynch para o Bank of America, por U$ 50 bilhões, ajudou a apimentar ainda mais as turbulências. O receio é que a crise se alastre a atinja outros bancos americanos e no resto do mundo. O mercado está muito preocupado com a AIG, maior seguradora americana. - Na terça-feira, o Fed manteve o juro, medida bem recebida nos mercados mundiais. - O Fed, o banco central americano, disse que não vai ajudar as instituições em crise, deixando investidores temerosos. Grandes jornais americanos, no entanto, avaliaram a decisão como positiva, justificando que os erros deveriam ser assumidos por quem os cometeu. - Além do sistema financeiro, o temor é que a crise impacte ainda mais na economia norte-americana. Uma recessão nos EUA se refletiria em todo o mundo, por ser um grande mercado consumidor. A quebra do Lehman Brothers - O Capítulo 11 da lei de falências norte-americana, à qual o banco Lehman Brothers recorreu nesta segunda-feira, permite a uma empresa com dificuldades financeiras continuar funcionando normalmente, dando-lhe um tempo para chegar a um acordo com seus credores. - A proteção do Capítulo 11 pode ser requerida tanto pela empresa em dificuldades, quanto por um de seus credores. Esse procedimento significa uma vontade de reestruturação da companhia, sob o controle de um tribunal. - Nos Estados Unidos, chama-se bankruptcy, o que seria falência na tradução pelo dicionário. Mas equivale à concordata, no Brasil. http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Economia&newsID=a2188548.xml