Obama amplia vantagem sobre McCain em meio à crise.A sondagem dá ao democrata 52% das intenções de voto contra 43% do senador republicano, uma das maiores margens registradas desde que Obama conquistou a nomeação partidária, no começo de junho.

24 Set 2008

24/09/2008 - 07h50 Colaboração para a Folha Online O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, abriu uma margem de nove pontos percentuais sobre seu rival republicano, John McCain, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Washington Post e pela rede de televisão ABC. Há apenas duas semanas, pesquisa do Post colocava os dois senadores em empate estatístico, com McCain liderando com 49% das intenções de voto contra 47% de Obama. AP/Reuters Pesquisa Post/ABC aponta que Obama (à esq.) ampliou margem sobre John McCain E a mudança no cenário da campanha presidencial americana parece diretamente ligado à crise financeira que afeta a economia americana e causou o colapso do mercado de crédito. Segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados dizem que a economia entrou em um sério e prolongado declínio e Obama tem uma grande margem como candidato que melhor conhece os problemas econômicos enfrentados pelos americanos e margem de dois dígitos como presidenciável melhor preparado para enfrentar os problemas em Wall Street. Na semana passada, Wall Street foi afetada pelo anúncio de concordata do tradicional banco Lehman Brothers. Em seguida, o governo de George W. Bush anunciou plano de resgate financeiro que prevê a injeção de US$ 700 bilhões para a compra de títulos podres (sem liquidez) dos bancos pelo Estado. O socorro daria ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, autoridade para comprar todo o valor em ativos relacionados às hipotecas para dissipar a grave crise financeira. Entenda a crise financeira que atinge a economia dos EUA Entenda a quebra do banco Lehman Brothers O plano de Bush foi duramente criticado pelos presidenciáveis. Obama classificou a proposta de assombrosa e disse que qualquer plano de resgate deve incluir propostas para recuperar o dinheiro, proteger as famílias trabalhadoras e prevenir que uma outra crise como a que atualmente afeta o país se repita. McCain alertou contra a concessão de muito poder ao secretário do Tesouro e pediu maior supervisão do governo sobre o mercado financeiro. Estratégia Os discursos dos senadores refletem as preocupações dos eleitores, que vêem a economia como tema de prioridade para o próximo presidente. Segundo pesquisa divulgada hoje, 80% dizem estar preocupados com os rumos tomados pela economia, 75% se preocupam com os efeitos da crise no mercado de ações e 60% estão apreensivos sobre suas finanças pessoais. A menos de seis semanas da eleição de 4 de novembro, Obama ganhou muito entre os independentes e agora lidera com 53% das intenções de voto contra apenas 39% de McCain. Logo após a convenção republicana, na primeira semana de setembro, o senador por Arizona liderava por uma pequena margem entre estes eleitores tidos como cruciais em uma eleição tão disputada. McCain liderava também entre os eleitores brancos, diferença que Obama conseguiu reduzir para apenas cinco pontos percentuais. Segundo o Post, a melhora do desempenho do democrata foi resultado principalmente os eleitores brancos com alta escolaridade. Eleitores brancos com baixa escolaridade favorecem o republicano por uma margem de 17 pontos percentuais. Já aqueles de alta escolaridade preferem Obama por uma margem de 9 pontos percentuais --uma grande conquista considerando que nenhum presidenciável democrata conquistou este eleitorado desde 1980. A pesquisa Post/ABC foi realizada entre 19 e 21 de setembro, com 1.082 pessoas, incluindo 916 eleitores registrados. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Estados Obama é o favorito também em quatro dos cerca de 12 Estados considerados cruciais para as eleições de novembro, segundo pesquisa realizada pela Universidade Quinnipiac para o jornal The Wall Street Journal. A pesquisa aponta que Obama tem uma ligeira vantagem sobre seu adversário republicano em Michigan --com quatro pontos a seu favor--, Minnesota --com dois pontos de vantagem--, Colorado --com quatro pontos--, e Wisconsin --com sete pontos. O jornal considera que o melhor cenário é no Colorado, onde Obama tem agora quatro pontos de vantagem. Em agosto, o candidato democrata estava um ponto atrás de McCain. Segundo o periódico, os dados mostram que Obama tem uma boa oportunidade de fazer o Estado se voltar a seu favor este ano. Já McCain parece ter a possibilidade de conseguir que Minnesota esqueça sua fidelidade democrata e vote este ano nos republicanos. Obama possui apenas dois pontos de vantagem (47% contra 45%) no Estado, resultado muito abaixo dos 17 pontos a seu favor em junho. A pesquisa também demonstra que os três debates presidenciais que se aproximam (o primeiro ocorrerá na sexta-feira) poderiam determinar qual candidato vencerá nesses Estados-chave. Um em cada quatro eleitores diz que os três debates presidenciais poderiam fazer com que mudassem de opinião. Como a pesquisa Post, a sondagem apontou que, para os eleitores dos quatro Estados, a economia é sua principal preocupação. Em três dos quatro Estados, os eleitores disseram que Obama entende melhor a economia que McCain. Em Minnesota, os dois presidenciáveis empatam neste quesito. As pesquisas foram realizadas entre 14 e 21 de setembro e têm margem de erro de 2,7 pontos percentuais para mais ou para menos, com a exceção da do Colorado, onde a margem é de 2,6 pontos.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u448238.shtml