Seminário Rio: primeiros informes.
Colegas, compartilho com vocês um resumo das principais palestras de ontem no
Seminário promovido pela Delegacia Sindical do Rio de Janeiro, remetidas pelo
colega Francisco José Rios Franzé DRJ, afiliado da DS Ceará, presente ao
seminário, à colega Zaelite Dantas Teixeira, também cearense. Ele anotou
comentários sobre as outras, mas, até o momento, só conseguiu digitar as três
mais importantes: da secretária da RFB Lina Vieira, do Subsecretário de
Fiscalização Henrique Freitas e do presidente do Conselho de Delegados Sindicais
Guilherme Cazumba.
Sérgio Horn.AUDITOR FISCAL Exercício
pleno das atribuições como garantia do interesse público. Palestras
do dia 26 03 2009 José Guilherme Cazumba Parente
- Presidente da DS Rio Grande do Norte e do CDS
Guilherme iniciou destacando a importância dos AFRFB
aposentados nas discussões relacionadas às atribuições do cargo. Parabenizou a
DS RJ pelo evento, e destacou que a defesa das atribuições dos AFRFB representa
a defesa da própria sociedade. Criticou as duas últimas administrações da RFB,
que duraram 13 anos, período no qual se procurou usurpar as atribuições do cargo
para concentrar o poder na cúpula do órgão de forma a, assim, perpetuá-lo.
Censurou, também, o projeto PROPESSOAS, que, com seus gerentes, queria implantar
na Administração Pública modelo do setor privado. Para Guilherme, a concentração
do poder causaria o que hoje se vê no Banco Central, cujos analistas apenas
propõem, e nada decidem. Falou das muitas expectativas decorrentes do novo
modelo de administração, pautado na justiça fiscal, na ética e no interesse
público. Falou também do papel do AFRFB de apontar novos rumos na política
tributária, além das atribuições inerentes ao próprio cargo, usurpadas ao longo
dos últimos 13 anos. Ressaltou a necessidade de se resolver o problema
do lixo normativo. Abordou o problema dos desvios de função, e destacou a
perturbação causada nos colegas previdenciários decorrentes de um processo de
fusão desordenado. Asseverou que a sociedade não aceita que auditores fiscais
sejam engajados em atividades de menor complexidade. Falou da
importância das discussões no tocante à LOF, mas se contrapõe ao
compartilhamento das atribuições dos AFRFB com a Administração. Assim, se opõe à
LOF do PROPESSOAS, pregando uma LOF da categoria. Disse que a discussão sobre as
garantias e prerrogativas do cargo não podem prescindir dos interesses sociais.
Asseverou que o Processo Seletivo Interno – PSI tem ao menos dois pontos
positivos: a temporalidade, e o fato de as escolhas não se basearem em critérios
de simples afinidade. Mas disse que o mesmo tem modelagem privada. Defendeu
lista tríplice para Secretário, Superintendentes, Delegados e Inspetores. Falou
dos ataques às atribuições do cargo contidos no projeto dos portos secos, que
foi rejeitado, mas que voltou a ser discutido no Senado. Referido projeto trata
de interesses do setor privado, usurpa as atribuições dos AFRFB, e vai de
encontro aos interesses da sociedade. Encerrou destacando a importância
do auditor nas discussões tributárias de interesse da sociedade. As
manifestações de satisfação com sua palestra foram muitas. Houve intenso
aplauso. Lina Maria Vieira - Secretária da RFB
Falou da atual crise econômica, a mais grave dos últimos 70
anos. Sobre os problemas relatados inerentes à fusão, ressaltou que, quando
assumiu, recebeu um relatório segundo o qual todo o processo teria sido
concluído e estaria consolidado. Descreveu alguns problemas, bombas, que teve
que desarmar logo que assumiu. Falou da livre organização sindical como suporte
para os regimes democráticos. Disse que o grande desafio é a nova modelagem
organizacional, e que se viu diante de modelos privados, desconhecidos quanto à
sua aplicação no nível governamental. Falou que o novo regimento não contemplou
modificações que são necessárias, principalmente no âmbito das unidades de
ponta. No entanto, as necessárias alterações serão implementadas, e solicitou a
participação sindical nesse sentido. Falou de diversos outros problemas com os
quais se confrontou, mas que está se esforçando para implementar as mudanças.
Sobre o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, ressaltou que
todo o projeto foi gerido na RFB, defendendo a participação, como julgadores no
âmbito do citado Conselho, apenas de auditores. Falou da maior
necessidade de integração da RFB com os Estados e Municípios, bem como das
inúmeras expectativas criadas com a Super Receita. Ressaltou a importância das
sugestões que estão sendo remetidas pelos colegas, e agradeceu pelo envio das
mesmas. No âmbito do atendimento, destacou a importância da implantação
da senha de acesso como facilitador para o contribuinte que, com a mesma, pode
consultar seu cadastro, o que representa 15% do atendimento. Informou que, no
início de abril, entrará no ar nova página no sítio da RFB, com uma parte
específica para serviços. Falou também da construção do processo
seletivo interno, da sua lisura, mas que o mesmo não está completo, devendo
incorporar, a partir de julho, uma fase envolvendo a escolha pelos colegas.
Informou que está fazendo convênio com a UFRJ para que esta ministre
mestrados e doutorados nos quais será oportunizada a participação de todos os
AFRFB, sem apadrinhamentos. Ressaltou que a capacidade da administração
tributária encontra grande desafio diante da crise sistêmica sem precedentes , a
qual obrigou o mundo desenvolvido a estatizar significativa parte do setor
bancário. Pediu que meditemos sobre a crise quando da tomada de decisões
corporativas. Destacou convênio firmado com o IPEA, e que firmará
convênio também com o Ministério Público Federal, visando um trabalho mais
afinado em prol da sociedade. Na área aduaneira, afirmou que o
Superintendente da 10ª Região Fiscal Dão Real, fará oficinas para elaboração de
um balanço legítimo dos problemas da aduana brasileira, que será remetido
posteriormente ao Ministro da Fazenda. Citou seu ex-professor Ulisses
Guimarães: A nação quer mudar, a nação deve mudar, a nação vai mudar. Mas
ressaltou que a chama da mudança depende da vontade e do comprometimento de cada
um. Foi aplaudida de pé, e espontaneamente saudada por vários
participantes do evento. Henrique Jorge Freitas
- Subsecretário de Fiscalização da RFBComeçou criticando o
paradigma anteriormente seguido pela fiscalização, que era medida em quantidade
de contribuintes fiscalizados, em detrimento da qualidade ou do tipo de
auditoria que era feita. Para corrigir isso, foi feita uma portaria onde, por
exemplo, despesas médicas tiveram peso menor na meta. Ressaltou que foram
definidos procedimentos prioritários, diligências referentes a processos
envolvendo altos valores, que estavam paradas. Falou também da criação do
sistema push, de forma a dar ao fiscal um feedback acerca de seu trabalho.
Ressaltou que não sabe se as metas contidas na nova portaria estão bem
aquilatadas, mas isso poderá ser corrigido posteriormente. Falou do
sistema de seleção de contribuintes que, anteriormente, era baseado em modelo de
cerca de 15 anos. Assim, o novo sistema será decorrente de novo planejamento
onde se trabalhará com a contabilidade das empresas, e aproximará o fato
gerador, serão iniciados trabalhos com o ano de 2008. Quanto à legislação
previdenciária, disse que serão coletados, também em meio magnético, dados sobre
as folhas de pagamento. Mas citou problemas de tecnologia que deverão ser
suplantados a fim de melhorar o trabalho da área previdenciária. Criticou as
prioridades que eram dadas na área de informática, que não tinha critérios, mera
fila. Destacou que, agora, o critério de prioridade é por grau de importância.
Falou da correção do sistema de metas, e da mudança cultural da RFB no sentido
de que ela trabalhe com uma visão de conjunto, nacional. Falou de grupos que são
resistentes a mudança, e comentou as críticas realizadas pela imprensa, assim
como notícias erradas, algumas veiculadas pelo próprio sindicato, que destacou
uma queda da arrecadação de 30 bilhões, o que não houve. Sobre essa questão,
afirmou que o que houve, na verdade, foi uma diminuição desse montante no
tocante aos lançamentos de ofício, ocasionado pela greve. Arrancou
aplausos quando criticou fortemente os excessivos controles do sistema MPF –
numerou folhas... rubricou... etc.. Destacou a importância da autoridade do
profissional, que nunca será substituído por sistemas ou por mecanismos de
seleção a seleção, porém, deverá contar com colegas experientes. Disse que não
se poderia continuar com uma administração central que não olhasse para a
realidade das unidades de ponta. Ressaltou a necessidade de valorizar o auditor
que está com a pastinha. Criticou o fato de se ter em Brasília colegas fazendo
as normas sem nunca terem fiscalizado,sem nunca terem calçado o sapato do
fiscal da externa. Ressaltou que está pronto para ser cobrado, e que a
nova administração vai valorizar o auditor. Falou da simplificação do sistema de
comunicação interna, sem burocracias, com contato direto com a administração
central. Falou também da wikipedia interna, para facilitar a divulgação da
experiência de cada colega. Afirmou que, no fundo, a Subsecretaria, ao lado da
Coordenação de Fiscalização, deixará de ser um controlador para ser um suporte
para que a fiscalização possa cumprir seu papel perante a sociedade.
Destacou a necessidade de se disponibilizar todos os dados da empresa
para o fiscal, sem sonegação de informação. A instituição que não confia em seus
funcionários não vai pra frente. E disse que a Receita tem um dos melhores,
senão o melhor quadro do Serviço Público. Falou também do trabalho de um colega
que fez doutorado nos Estados Unidos Fred mas não citou seu nome, baseado na
seleção estatística de contribuintes, mas que não pôde ser testado durante sua
tese pelo fato de a Receita haver se negado a fornecer os dados. Assim, o colega
teve que obrigatoriamente mudar seu foco para a área de educação. Hoje, dito
trabalho já está sendo aplicado na tributação seleção de contribuintes.
Destacou que a Receita é contra a participação dos procuradores no CARF,
e ressaltou que autos já caíram em São Paulo em vista desse problema fundamento:
lesão à necessária imparcialidade do julgamento. Acha que as investidas para a
participação dos procuradores vão voltar, mas a Receita se manterá firme na
defesa da carreira junto ao CARF. Criticou a notícia veiculada no sítio do
Unafisco, segundo a qual a Receita estaria favorável à participação dos
procuradores no julgamento no âmbito do CARF, o que desmentiu de forma
categórica. Disse que está aberto a receber todas as categorias, e o sindicado
deveria buscar as informações no próprio órgão. Se nós não temos
instrumentos de seleção, se fiscalizamos só o pequeno, estamos jogando nossas
prerrogativas pra baixo. Não é o pim que faz a nossa autoridade, mas a nossa
participação na sociedade, que não envolve só o lançamento, mas o combate ao
crime e às fraudes. Defendeu a formalização de representação não apenas diante
de crimes contra a ordem tributária, mas também com respeito a outros crimes,
mostrando, assim, nossa preocupação social do cargo. Falou que o próprio
ministro está preocupado diante da remessa de medidas provisórias para o
Congresso, pois se sabe como a MP vai, mas não como ela sai. Assim, devemos
refletir antes de enviar alguma coisa pro Congresso, notadamente sobre a LOF.
Quanto ao MPF, ressaltou que tem que mudar, e que essas mudanças serão
discutidas com a categoria. Disse que tem vontade de voltar e trabalhar
na fiscalização, mas numa nova fiscalização, voltada efetivamente para o
cumprimento de seu papel social, com o apoio da Administração. Palestra
também excelente, que foi amplamente aplaudida.