INCÔMODO MISTÉRIO
Afinal, por que caiu Lina Vieira, a secretária da Receita Federal demitida na semana passada? Ninguém dentro do governo ousou dar uma explicação oficial convincente sobre os reais motivos da queda de Lina do cobiçado posto de comandante da máquina de arrecadação do governo federal.
O mistério criou o ambiente propício para circular a pior das versões --muito provavelmente a verdadeira-- para a reputação do governo Lula. Lina caiu porque decidiu centrar fogo na fiscalização das grandes empresas. Ela própria e sua equipe sugeriram, em conversas aqui e ali, que foi esse, sim, o motivo de sua saída.
Lina passou a incomodar não só a toda poderosa Petrobras, mas também outras grandes empresas. Empresas que poderiam figurar na lista de potenciais doadores de campanha em 2010. Incomodadas, elas teriam pedido a cabeça de Lina. E teriam levado.
Tudo bem, pode não ser esse o motivo de sua queda. Mas o mistério criado dentro do governo permite que essa versão ganhe ares de verdadeira. Se for, péssimo. Seria mais um exemplo de como os governos --não só esse, mas os anteriores também-- sucumbem à pressão daqueles que abrem seus cofres para financiar eleições.
Como estamos em véspera de ano eleitoral, de campanha presidencial, esse se torna um assunto ainda mais sensível tanto para o poder público como o setor privado. Uma pena.
Incômodo recesso?
Esse, com certeza, não está incomodando ninguém. Pelo contrário. Creio que até a oposição está respirando aliviada com o recesso parlamentar. Senadores democratas e tucanos, não todos, apenas alguns, com relações perigosas a serem desvendadas, estavam começando a sentir cheiro de queimado.
Passariam a ser alvo de acusações. Recados eles estavam recebendo. Principalmente vindos das hostes peemedebistas. É aquela história, nessa guerra, não há santo. Também não vou generalizar e dizer que todos são bandidos. Não, não chegaria a isso. Mas que há gente enrolada dos dois lados, isso há.
Agora é esperar o fim do recesso, daqui a duas semanas, para descobrirmos se os 15 dias de folgas serão refresco ou pimenta. Se as acusações continuarem a ser publicadas, e o tom de gravidade subir, quando o presidente do Senado, José Sarney, voltar ao trabalho o clima poderá estar pior. Por enquanto, pelo menos, todos realmente respiram aliviados. Até a oposição.